Objetivos dos testes genéticos com pesquisa de mutações BRCA:
- Indicar e otimizar a decisão terapêutica;
- Estratificar o risco individual de desenvolver cancro;
- Identificar familiares em risco;
- Implementar medidas de rastreio e prevenção adequadas.
1. Indicações para Testagem
O teste deve ser pedido nas seguintes situações:
- Doentes com cancro da mama diagnosticado ≤ 50 anos;
- Doentes com cancro da mama triplo negativo;
- Doentes com cancro da mama bilateral, com 1 das neoplasias diagnosticada entre 45-50 anos (síncrono ou metácrono);
- Doentes com cancro da mama lobular com história pessoal ou familiar de neoplasia gástrica difusa;
- Homem com cancro de mama, em qualquer idade;
- Cancro do ovário, em qualquer idade;
- Cancro da próstata metastizado resistente à castração e que sejam elegíveis para tratamento com inibidores da PARP;
- Familiares portadores de mutação BRCA 1/2 conhecida;
- História familiar de:
- ≥ 1 familiar direto com cancro da mama ≤ 50 anos ou cancro de ovário ou cancro do pâncreas ou cancro da próstata metastático/de alto risco;
- ≥ 3 diagnósticos de cancro da mama e/ou próstata (em qualquer estádio) no mesmo lado da família, incluindo o doente com cancro da mama;
- Probabilidade de mutação BRCA1/2 >10%;
- Ascendência Ashkenazi.
Considerar também a testagem em doentes com diagnóstico de neoplasia da mama em que o resultado do teste possa ter impacto na decisão de tratamento.
Exemplos de impacto terapêutico:
- Tratamento sistémico com inibidores PARP em doença metastática;
- Tratamento adjuvante com olaparib para o cancro da mama HER2 negativo de alto risco.
Doentes com critérios para estudo genético (de acordo com a política institucional) ou com critérios para referenciação à consulta de Oncogenética:
- Cancro da próstata com histologia intraductal, ductal ou cribriforme;
- Cancro da próstata metastizado (hormonossensível ou resistente à castração);
- Cancro da próstata de alto risco (≥T3; Gleason score ≥8; PSA ≥20) e familiar diagnosticado com cancro da próstata <60 anos;
- Cancro da próstata e história familiar de múltiplos cancros no mesmo ramo da família;
- Cancro da próstata e irmão ou pai ou múltiplos familiares do mesmo ramo da família diagnosticados com cancro da próstata (não localizado) <60 anos ou falecidos por carcinoma da próstata;
- Cancro da próstata em descendentes de Judeus Ashkenazi;
- Síndrome Hereditária: Cancro da próstata e presença de 3 ou mais cancros no mesmo lado da família (especialmente se <50 anos): próstata (exceto ISUP I localizado), mama, ovário, melanoma, pâncreas, ductos biliares, endométrio, colorrectal, intestino delgado, gástrico, urotelial ou rim.
2. Como pedir o teste?
- Pedir consentimento informado;
- Preencher formulário de requisição:
- Descrição do resultado para decisão terapêutica;
- Data para a qual é necessário o resultado (consulta);
- Diagnóstico detalhado.
- Hospitais com sistema S Clínico: Preencher pedido "Análise ao Exterior" com pedido mutação BRCA1/2.
Nota: Confirmar sempre com serviços administrativos se o protocolo está adequado à realidade do hospital.
- Pedir consentimento informado;
- Preencher formulário de requisição:
- Descrição do resultado para decisão terapêutica;
- Data para a qual é necessário o resultado (consulta);
- Diagnóstico detalhado;
- História familiar recolhida, se aplicável.
- Hospitais com sistema S Clínico: Preencher pedido "Análise ao Exterior" com pedido mutação BRCA1/2.
Pesquisa Somática (Ovário/Próstata):
Deve ainda ser feito pedido de pesquisa somática:
SClínico > MCDT > Anatomia Patológica > Outros > Outras análises de biologia molecular
Escrever em Informação Clínica: "Enviar amostra para a laboratório XXX para pesquisa da mutação BRCA"
Nota: Confirmar sempre com serviços administrativos se o protocolo está adequado à realidade do hospital.
3. Interpretação de Resultados
Doente com elevado risco de neoplasia.
- Entregar à doente cópia do relatório;
- Explicar à doente implicações e abordagens terapêuticas possíveis;
- Se mutação germinativa: referenciar para Consulta de Genética / Consulta de Risco Familiar.
- Não se justificam medidas de rastreio adicionais, para além das adequadas à sua história pessoal ou familiar.
- Em caso de doente com neoplasia, discutir opções terapêuticas padrão.
- Adotar estratégias de gestão de risco de acordo com história de cancro pessoal e familiar;
- Ponderar referenciação a consulta de Risco Familiar/Oncogenética e estar atento à reclassificação das VUS;
- Em caso de doente com neoplasia, discutir opções terapêuticas.